E se não há desculpas para o meu desaparecimento, há alguns argumentos que podem trazer alguma razão para ele. O Indie é, sem dúvida, um deles.
Porque estar num festival na nossa própria cidade, onde não nos podemos dedicar a tempo inteiro e temos de andar a correr entre trabalho e cinemas, jantares e sessões, o tempo que sobra é muito pouco. Até para dormir.
É isso que tem acontecido por estes lados na última semana e meia. O Indie Lisboa esteve em grande na cidade, voltou a, de forma impressionante, ter as salas sempre cheias ou muito compostas (mesmo nas secções em que se esperaria uma menor afluência) e a mostrar que, apesar do programa deste ano não ser o mais forte de sempre, está tão sólido como nunca.
Acrescento um pormenor: nota 10 para os miúdos do Indie Júnior que deliciaram o público no encerramento do festival com a sua tradução simultâneo ao jeito de gente grande.
O New York International Children's Film Festival dedica-se ao que o nome indica: filmes que se destinem a crianças. Apesar disso, o NY Times mostra que, este ano, as fitas em exibição podem ser um tanto enganadoras já que, muitas delas, não são assim tão destinadas aos mais jovens quanto isso.
Claro, parece continuar a haver o redutor preconceito de que a animação é para meninos (e, acreditem que, por cá, até junto de alguns profissionais da área parece ser fundamental continuar a bater na mesma tecla para contrariar a crença) e, por isso, muitos dos filmes que constam do cartaz, com temáticas como, por exemplo, a traição num casamento, são metidos no mesmo saco e percepcionados como fazendo sentido num festival que se destina às crianças.
Irritações à parte, o NY Times tem uma boa galeria de fotos sobre o festival a que vale a pena dar uma vista de olhos até porque algumas das películas com direito a destaque passarão por cá já na próxima semana, durante a Monstra.
Nota: Do festival não fazem parte apenas filmes de animação. Isto sou só eu a salientar algo que me parece...como dizer...disparatado.
A Pixar!
Paremos um minuto para uma breve reflexão. Recordam-se de algo que tenha saído dos Estúdios Pixar com fraca qualidade? Ou medíocre? Ou mesmo, vá lá, mediana?
A proeza é incrível mas aconteceu de facto. Nove longas-metragens irrepreensíveis com Toy Story a marcar uma profunda viragem na animação e, a partir daí, com quase todas as outras a introduzirem elementos novos e surpreendentes. Mais uma batelada de curtas-metragens (muitas servem de "treino" àqueles que vão ser os futuros grandes realizadores do estúdio) que seguem a mesma linha de exigência.
O presidente do Festival de Cinema de Veneza, Paolo Baratta, anunciou hoje que, a título excepcional, o Leão de Ouro de carreira deste ano distinguirá John Lasseter, mas também todos os realizadores que integram o visionário estúdio de cinema de animação.
Pois, que bela excepção esta. Pelo menos que haja alguém a reconhecer o mérito da Pixar para além do rótulo "melhor na categoria de animação".
Nota: E a décima longa-metragem já vem a caminho...
...vai estar Isabelle Huppert. A actriz francesa torna-se, assim, a quarta mulher em toda a história do certame a ocupar o cargo de presidente do júri, sucedendo a Liv Ullmann, Jeanne Moreau e Françoise Sagan.
Huppert confessou-se orgulhosa e disse que este "encontro" vai selar definitivamente o seu amor pelo festival, com quem tem uma longa história.
Para além de já ter aparecido em várias funções no Festival de Cannes por 25 vezes, Huppert venceu o prémio de Melhor Actriz por duas vezes.
A iniciativa é internacional e, por isso mesmo, tem nome em inglês. O Artivist Film Festival passa pela segunda vez em Lisboa, depois de já ter estado em mais quatro cidades do mundo e traz até ao Fórum Lisboa e à FNAC do Chiado o cinema ligado à defesa dos direitos humanos, dos animais e da criança bem como à preocupação ambientalista.
Ontem pude estar à conversa com Juliusz Kossakowski, um realizador polaco que fala com sotaque brasileiro, mora em Portugal e fez um documentário sobre a tourada à portuguesa. Parte da agradável conversa ficou aqui em baixo.
O fim-de-semana foi dedicado ao Cinanima, ponto de encontro para os mestres da animação portuguesa e para alguns históricos internacionais do meio. Ainda que a estadia tenha sido curta, foi fácil perceber que, de facto, há cada vez mais interesse pela animação em Portugal e cada vez mais camadas jovens a demonstrarem interesse e talento para a fazer.
Deixo-vos a entrevista que fiz com Carlos Gaio, membro da Comissão Organizadora do festival sobre os 32 anos do Cinanima.
...de festivais?
Ano após ano a lista aumenta, as datas sobrepõem-se, a atenção mediática divide-se. Lá fora é assim e em Portugal começa a ser. Falo dos festivais de cinema. A variedade é cada vez mais abundante mas a temporada parece fazer-se num período progressivamente mais curto, impedindo que demos (nós jornalistas e nós público) a devida atenção a cada um dos certames.
Xan Brooks publica hoje no The Guardian um interessante artigo sobre a sobreposição e crescente introdução de festivais de cinema e fala da sua verdadeira necessidade para a indústria. Podem lê-lo aqui.
Dura um mês e passa por cinco cidades. A Festa do Cinema Francês é mais um dos festivais de cinema a conseguir uma crescente fidelização de público e começa hoje. Aqui fica o artigo que está agora publicado no sítio do costume.
Há 45 longas-metragens e 25 antestreias nacionais em tournée por cinco cidades do país. Mais do que filmes, há uma exposição, convidados e até a Cinemateca dá uma mãozinha. A primeira a falar francês vai ser Lisboa…pelo menos no grande ecrã. A Festa do Cinema Francês começa hoje no Cinema São Jorge.
O vencedor do Festival de Cannes deste ano, A Turma (Entre les Murs) de Laurent Cantet, e Valse avec Bachir de Ari Folman, o documentário em animação que causou burburinho pela Croisette, são apenas alguns dos filmes-estrela a passar pela edição deste ano da Festa do Cinema Francês. O festival organizado pelo Instituto Franco-Português vai já na nona edição e mostra que tem um cartaz cada vez mais ilustre e um público cada vez mais dedicado.
O filme de abertura para esta noite, Mulheres de Guerra (Les Femmes de l`ombre), de Jean-Paul Salomé, é uma história passada durante a Segunda Guerra Mundial e centrada em cinco mulheres. Do elenco fazem parte, entre outros, Sophie Marceau, Julie Depardieu e Déborah François, esta última que estará presente no São Jorge junto ao realizador para ajudar a apresentar a fita.
O certame segue na capital até ao próximo dia 12, dividindo-se entre a sala escolhida para a abertura, o Instituto Franco-Português e até a Cinemateca Portuguesa que dedica também a sua programação de Outubro às grandes divas do cinema francês. Nas matinés da cinquentenária casa do cinema vão estar senhoras como Catherine Deneuve, Jeanne Moreau ou Simone Signoret.
E porque os festivais de cinema não se fazem só de filmes, estará patente na Brasserie Flo uma exposição fotográfica com o título «Faces of French Cinema», da autoria de Fabrizio Maltese.
Depois, começa a digressão nacional. A Festa do Cinema Francês segue para mais quatro cidades (Almada, Coimbra, Porto e Faro) e apresentará pela primeira vez alguns dos filmes em cartaz fora da capital. Por exemplo, o vencedor da Palma de Ouro em Cannes, A Turma (Entre les Murs) será exibido apenas no dia 29 de Outubro em Faro.
Nove filmes vão competir pelo prémio do festival, que atribui 5 mil euros ao distribuidor que compre a obra vencedora mas, este ano, há o novo Prémio do Público para oferecer a fitas que não tenham sido adquiridas pelos distribuidores portugueses.
Nesta nona edição, há ainda mais duas novidades, ou melhor, duas novas secções: para além da secção principal, foram criadas Cannes em Portugal, que homenageia os 40 anos da Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, e Paris-Lisboa, que apresenta filmes rodados nas duas cidades. A secção com o nome das duas metrópoles integra obras tão diversas como Belarmino, de Fernando Lopes, ou A Canção de Lisboa, de José Cottineli Telmo e Dans la ville blanche, de Alain Taner.
Só a 2 de Novembro, já pelo Sul do país, será exibida a última película, O Segundo Fôlego (Le Deuxième Souffle), de Alain Corneau. Será apenas nessa altura que se fecharão as portas da Festa do Cinema Francês. Pelo menos até ao próximo ano.
Ontem, ia a medo para a conferência de imprensa com Susan Sarandon a propósito da sua presença no Lisbon Village Festival. Porque, no ano passado, com o Robert De Niro o atraso tinha sido de mais de uma hora. Porque a confusão tinha sido selvática. Porque De Niro, como já se sabe, estava ali para despachar. A coisa costuma acontecer com muitas das estrelas que, depois da rotina se instalar, ficam entediadas com qualquer maratona de perguntas. Natural, parece-me.
Mas com Susan Sarandon, o caso foi diferente. Respondeu, serena, madura e bem disposta, a perguntas sobre tudo (e com tudo entenda-se a carreira, o marido, Paul Newman e, por muitas vezes, a política e a crise). Respondeu com argumentações fundamentadas, sempre delicada, e com reflexão sobre o que estava a dizer.
Assim, sim, Susan. De vedetas sem vedetismos nós gostamos. Podem ver uma reportagem sobre a conferência aqui em baixo.
Chaplin em Imagens no Palácio Pombal, na Rua do Alecrim. Espreitem.
Wrestler foi o grande vencedor da 65ª edição do Festival de Cinema de Veneza. Darren Aronofsky, que já tinha tido em competição The Fountain, levou, desta vez, o prémio máximo mas, como tal (e porque em Veneza o melhor actor não pode estar no filme vencedor), não foi Mikey Rourke a vencer a Taça Volti pelo melhor desempenho.
Deixo-vos os dois últimos vídeos sobre o Festival de Veneza. No primeiro, o regresso do veterano Rourke (claramente sob o efeito de drogas ou, pelo menos, com alguma dose de loucura na cabecita). No segundo, os vencedores falam sobre os prémios.
Toca a não desesperar com a enchente de vídeos sobre Veneza.
Hoje deixo-vos uma peça com alguns dos momentos embaraçosos nas conferências de imprensa do festival (com George Clooney a rejeitar uma moça vestida com roupa de ginástica e Charlize Theron a dizer que não a um pedido de casamento) e outra sobre Rachel Getting Married, o filme de Jonathan Demme com argumento de Jenny Lumet (filhota de Sidney) e com Anne Hathaway como protagonista.
Ora espreitem.