Este é um perfeito exemplo da fuga à ideia pré-concebida de que a animação tem de ter um lado infantil. Não tem.
Renascimento é uma co-produção entre França, Reino Unido e Luxemburgo (os três lutaram financeiramente para a terminar) que demorou uma mão cheia de anos para ser concluída. Apesar disso, agora, chega até nós naquilo que se revela uma experiência formalmente muito interessante (repito, formalmente).
A animação a preto e branco retrata uma Paris a cinquenta anos daqui, vigiada e tecnologicamente muito avançada (a fazer lembrar os cenários de
Minority Report). Quando uma jovem cientista é raptada, um detective é enviado no seu ancalço para, contudo, descobrir, que o motivo do rapto envolve ideias susceptíveis de mudar para sempre a humanidade e, consequentemente, interesses para as deter.
Todo o filme é revestido a um estilo
noir muito poético, simultaneamente futurista e que lembra várias novelas gráficas em papel. Nesse sentido, de peça que apenas usa o negro e branco, com imagens baseadas em filmagens reais e um trabalho de iluminação surpreendente,
Renascimento tem direito a vénia.
Se formos até ao campo do argumento, já não há muito para elogiar. A premissa é mais do que usada: um mundo futurista onde uma grande descoberta põe em marcha acontecimentos criminosos.
Os diálogos parecem ficar muito presos a uma falta de realismo que talvez se deva ao facto de os envolvidos não terem esquecido que faziam uma fita em formato de desenho animado. Mesmo os trabalhos de voz da maioria dos actores (com excepção para o Karas de Daniel Craig) são exagerados e até cartoonescos.
Este filme de Christian Volckman é uma experiência a ser observada sem, no entanto, se depositar muita fé na história. O aconselhável é vê-lo como pura obra de imagem, contada pela imagem e dependente apenas dela para se manter.
Na Segunda-feira tem direito a
Acabo de Ver. Por agora, espreitem o
trailer.
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