Sim, há de novo a história da abusadora de drogas que passou por milhares de atribulações. E, sim, há novamente a história da família problemática que resolve aproveitar a mais infeliz ocasião para se desmoronar: um casamento. Mas O Casamento de Rachel é uma boda diferente, íntima e pessoal, com um olhar lancinante de um cineasta sem meias-medidas. E, por isso, até nem nos importamos de passar o cheque aos noivos.
Jonathan Demme já não fazia uma longa-metragem desde o filme de 2004, O Candidato da Verdade. Ganhou o Óscar de Melhor Realizador por O Silêncio dos Inocentes, foi nomeado para o Urso de Ouro de Berlim por Filadélfia mas, desde aí, que a sua carreira tem sido morna, sem grandes entusiasmos. Quando, este ano, no Festival de Veneza estreou O Casamento de Rachel, as atenções estavam totalmente viradas para si e, apesar de o entusiasmo não ter sido assim tão exacerbado, ninguém se sentiu defraudado com a fita.
Para além do mais, a actriz Anne Hathaway começou a sua escalada de elogios que culminaria na nomeação para o Óscar de Melhor Actriz (comprovaremos no domingo se terá sorte).
A história é simples: Kym (Hathaway) vai comparecer no casamento da irmã (Rachel), fazendo uma pausa no seu processo de desintoxicação para a aguardada festa. Claro que Kym é uma personagem problemática e claro que, em boa verdade, Rachel também o é. Convenhamos, toda a família é complexa.
Apesar de alguns desequilíbrios, com cenas demasiado longas ou exploradas para a importância que têm, O Casamento de Rachel tem qualquer coisa de fascinante na forma como retrata aquelas personagens. De perto, sem véus nem barreiras, e numa celebração que, no fundo, e apesar de todos os problemas, acaba por ser o casamento ideal. Todos gostariam de ter um vídeo de casamento assim.
Para ficar a digerir a cena de regabofe pós-cerimónia em que até o samba é convidado.