O fim do ano aproxima-se e o Elite Criativa não quer deixar de lançar um olhar sobre o que de melhor se fez no cinema em 2007. No estaminé do costume estão as minhas preferências, as do Gonçalo Sá e as do Luís Salvado. Cada um escolheu os seus dez filmes de eleição e depois criámos algumas categorias consensuais. Todas as escolhas foram feitas com base na lista de filmes estreados em 2007 em Portugal.
De minha parte, a lista ficou assim:
1. Cartas de Iwo Jima, de Clint Eastwood 2. À Prova de Morte, de Quentin Tarantino 3. O Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro 4. Pecados Íntimos, de Todd Field 5. Ratatui, de Brad Bird 6. Control, de Anton Corbijn 7. Promessas Perigosas, de David Cronenberg 8. Zodiac, de David Fincher 9. Peões em Jogo, de Robert Redford 10. Sunshine – Missão Solar, de Danny Boyle
Nas próximas categorias, chegámos todos a um consenso.
Melhor Longa-Metragem de Animação: Ratatui
Jovem Promessa de 2007: Shia La Boeuf
Grande Actor em Mau Filme: Nicolas Cage com «O Escolhido», «Ghost Rider», «Next - Sem Alternativa»
Maiores expectativas = Maior Desilusão: Shrek, o Terceiro
Melhor Filme que Ninguém Viu: A Rapariga Morta
Melhor Filme Português:
1. O Capacete Dourado 2. A Outra Margem 3. Call Girl
Cena do ano:
1. Luta na sauna em «Promessas Perigosas» 2. Perseguição final em «À Prova de Morte» 3. Capitan Vidal (Sergi Lopez) a coser a boca rasgada em «O Labirinto do Fauno»
Melhor ressurreição: Sylvester Stallone em «Rocky Balboa»
Melhor filme a 200 à hora: The Bourne Ultimatum - Ultimato
Filme mais bizarro: Taxidermia
Remake mais inútil: Boleia Mortal
Melhor Encarnação de Personagem Real: Sam Riley como Ian Curtis em «Control»
Melhor Monstro: The Host
Melhor Cartaz: Half Nelson - Encurralados
Melhor Comédia: Knocked up – Um Azar do Caraças
Prémio "Mas porquê???": Corrupção
Melhor BD no cinema: 300
Para verem a lista completa de escolhas façam uma visita por aqui.
Não fiquei fã. Critico muita coisa mas elogio alguns pontos muito refrescantes. No fim de contas é mais ou menos isto que gostava de dizer sobre o filme:
Ela diz que faz tudo. Eles comprovam. Eles dizem que ela dá a volta à cabeça de qualquer um e que deixa marcas profundas na carteira do mais abastado. Ela é uma call girl de luxo pronta para qualquer trabalho. Eles são um político corrupto, um PJ honesto e uma espécie de mafioso à portuguesa ao serviço de uma empresa multinacional. Todos com as voltas trocadas por causa dela. Cuidado com a Maria.
António-Pedro Vasconcelos sempre defendeu a criação de uma «indústria do cinema» em Portugal. Uma que conseguisse levar mais público ao cinema para ver filmes portugueses. Para que o efeito desejado fosse alcançado, diz o realizador, os subsídios para a sétima arte nunca poderiam ser atribuídos da forma actual e muitos dos realizadores nacionais não poderiam pensar da forma experimental de que costumam fazer uso. A visão é pessoal, embora transmissível. Muitos acharão que não é este o caminho a seguir.
Apesar de todos os «ses», a verdade é que em Call Girl António-Pedro aproxima o seu cinema do que se faz por Hollywood. Call Girl pode não agradar a todos mas há uma certeza de que ninguém duvidará: os bilhetes vão ser vendidos a potes e o novo filme português mais visto de sempre poderá estar para nascer. Nem sequer é um risco fazer tal afirmação. A receita do sucesso: Soraia Chaves como protagonista e o sexo, a corrupção e a traição como temas centrais.
A história não é nova. Um «representante» de empreendedores imobiliários quer subornar um político de província para que ele aprove a construção de um empreendimento. Como trunfo para chegar ao «sim» de Meireles (Nicolau Breyner), Mouros (Joaquim de Almeida) vai usar Maria (Soraia Chaves), uma call girl fria e calculista. A femme fatale que deixa qualquer homem a ver a dobrar.
Tal como explica a actriz Soraia Chaves, Maria é também ela «uma actriz» que se molda para agradar a toda e qualquer fantasia, deixando de lado qualquer sentimento que possa teimar em surgir. Mas esta prostituta de luxo não é imune a tudo. O seu ponto fraco é um homem que, ainda por cima e para mal do seu negócio, é um agente da PJ. E nada pode descrever melhor a relação intensa dos dois do que o diálogo mais directo alguma vez usado num filme português. À insinuação do personagem de Ivo Canelas («pensava que as p**** não beijavam na boca»), Maria responde com um raro momento de honestidade («há sempre um c***** que nos obriga a fugir à regra»).
A história de Call Girl já foi contada uma boa centena de vezes. A personagem de Soraia Chaves é novamente muito dependente da sua aparência física. O filme peca por ser longo de mais. O número de palavrões por metro quadrado quase causa saturação.
Conseguimos reunir uma mão cheia de defeitos muito rapidamente mas a verdade é que Call Girl é uma óptima tentativa de levar mais e mais variados espectadores portugueses às salas de cinema com uma história coerente, com o ritmo pedido e com uma boa construção pela mão do realizador.
Para olhar para os pontos negativos é obrigatório pesar o outro lado da balança. E nessa facção está a difícil tarefa que coube a Soraia Chaves. A de interpretar um papel muito físico mas igualmente complexo, cheio de duplas personalidades e finas camadas.
É o próprio António-Pedro Vasconcelos a assegurar que «a Soraia veio livrar-nos de um grande problema que era reunir tantas características numa só pessoa». De louvar também é o personagem de Ivo Canelas, uma espécie de polícia bom/sacana que rouba alguns dos momentos mais cómicos da fita ao mesmo tempo que afirma o seu talento crescente. O actor que teve de passar alguns dias com agentes da judiciária, assegura que era sua intenção «fugir ao estereótipo do agente». Para tentar verificar a sua competência, vai perguntando a todos se foi bem sucedido.
Call Girl é «A» aposta no campeonato português. Entre todos os filmes internacionais estreados este ano não terá hipótese de ser louvado na lista dos melhores (nem se aproximará). Na corrida aos trabalhos nacionais de topo, talvez tenha um lugar cativo. Porque mesmo que o espectador o ache demasiado carregado de clichés, não pode tirar-lhe o mérito de o ter levado até uma sala de cinema para ver um filme falado em português de rua.
Depois de Stardust, Neil Gaman vai ter direito a mais uma adaptação da sua obra para o grande ecrã. Coraline conta a história de uma menina entediada que descobre uma porta para outro mundo numa das paredes da sua casa. Os mundos paralelos e a fantasia da mais pura são marcas recorrentes no universo de Gaman mas esta nova adaptação promete levar essas ideias até um novo patamar.
Todo este entusiasmo advém do facto de no papel de realizador estar designado o nome de Henry Sellick, mestre do stop motion. Se bem se lembram a fábula natalícia Nightmare before Christmas, da autoria do ilustre desconhecido Tim Burton, foi realizada por ele. Desta vez também a adaptação do argumento é escrita por Sellick.
Como mais não posso fazer, deixo para a posteridade um pequeno teaser.
Seis realizadores espanhóis e uma escritora argentina conceberam um livro sobre os realizadores que os inspiram. Assim nasceu Cinema Now.
O livro agora publicado lança um olhar sobre a obra de 61 realizadores de todo o mundo, alguns mais conhecidos e outros nem tanto, a maioria fora da máquina de Hollywood.
Ao que diz o El Pais, esta espécie de colectânea percorre as suas imagens mas, mais do que isso, é um bom exercício para percebermos onde um realizador pode ir sacar inspiração. Acho que o vou oferecer a mim própria.
Como alguém me disse este Natal "de mim para mim".
Ainda não estreou e já se vai adivinhando que o novo filme de António-Pedro Vasconcelos pode tirar o lugar a O Crime do Padre Amaro. Ou não tivesse como protagonista Soraia Chaves. É que, pelo que tenho visto nas últimas semanas, e a comprovar o que eu já achava, não há homem que consiga conter o fio de baba perante a senhora.
O filme é talvez a experiência portuguesa mais próxima de muito do que se faz por Hollywood. Ou não tivesse como realizador António-Pedro Vasconcelos, acérrimo defensor da instauração de uma indústria do cinema em Portugal. Do filme falar-vos-ei com maior detalhe lá para quinta-feira.
Por agora, deixo-vos um simpático vídeo com entrevistas a Soraia Chaves (a Call Girl), a Ivo Canelas (o PJ), a Nicolau Breyner (o político seduzido) e a António-Pedro Vasconcelos.
...mas ainda venho em altura para vos desejar um Feliz Natal.
Que as prendinhas tenham sido as melhores e de preferência que tenham trazido aqueles DVDs que nos atormentavam a carteira nas prateleiras da FNAC. Por cá foram boas. Agora, o que é mais chato é esta gripe assustadora que me calhou este ano.
Debrucemo-nos agora naquilo que mais gozo nos dá nesta época: nem mais nem menos do que as fantásticas programações dos quatro canais abertos. A RTP1 apresenta um cardápio fraquinho, com destaque para o filme da noite, Uma paródia de Natal. Já na tarde da SIC há boas notícias. Num filme que só é natalício porque é boa animação para toda a família, vamos ter The Incredibles. Por fim, no canal número quatro destacam-se as exibições de Chicken Little na matiné e, já pela noite, o obrigatório Love Actually.
A pergunta impõe-se. Mas o que aconteceu à Música no coração este ano?
Há tempos falei aqui do novo filme de Sean Penn sobre um atleta que parte de mochila às costas para um viagem de busca existencial no Alaska.
O dito cujo parece estar à frente na corrida a mais uma cerimónia da awards season. O Screen Actors Guild (na prática, o sindicato de actores americanos) nomeou quatro vezes o filme em questão. Melhor actor para Emile Hirsch, actor secundário para Hal Halbrook, actriz secundária para Catherine Keener e uma nomeação para todo o elenco.
Durante esta semana ouvimos falar da saga de "tricas-que-tramam-quem-quer-ver-o-Hobbit-com-aquele-senhor-que-era-cheiinho-e-que-agora-já-não-é". Peter Jackson parece ter assinado o acordo de paz com a New Line, gesto que, seguramente, há-de ter envolvido bastante dinheirinho. Concordou em ser o produtor executivo de The Hobbit mas mais do que isso não.
Ora, para os fãs de Tolkien, tal posição não é suficiente para assegurar que a coisa corra bem. A não ser, é claro, que nos comandos esteja um nome que inspire confiança.
Ainda sem confirmações, parece que há dois possíveis realizadores para o conto: Guillermo Del Toro e Sam Raimi.
Sou só eu ou, de repente, fiquei tão entusiasmada com o filme como estaria se fosse o próprio Peter Jackson a estar na cadeira de realizador. Voto de forma veemente em Guillermo Del Toro.
Os dois criadores da série original de The Office revelaram os seus planos para levar até ao grande ecrã uma história de um grupo de amigos no seio de uma aldeia que não foi atingida pela revolução sexual dos anos 70. Enquanto, no resto do país, há "libertação" generalizada, naquela aldeia parece que o objectivo comum de vida é casar e viver na casa ao lado da dos pais.
Vindo de um senhor que até nos contextos mais improváveis tem piada, fico cá para ver. Deixo-vos um dos contextos menos esperados.
...e sim, também eu era fã. Mas não consigo visualizar à distância a transposição do desenho animado para uma live action feature. Tinha de publicar aqui a imagem ali de cima. O post era só uma desculpa para isso.
E adivinhem o que nos reserva o realizador de Snatch e Lock stock and two smoking barrels? Mais vigarice da boa.
Jake Green (Jason Statham) é o patife. Dorothy Macha (Ray Liotta) é o tipo de quem ele se quer vingar. É que o último fez com que o primeiro fosse parar à prisão e, naturalmente, ele não tem uma dívida de gratidão muito grande para saldar. Durante a clausura, Green é ensinado pelos melhores e torna-se no vigário imbatível. Quando é libertado decide aplicar o seu talento na merecida vingança.
Nota: Devido à falta de atenção desta menina, há aqui um engano revelado ali na área dos comentários pelo João. É para verem como não devem confiar em mim.