Quarta-feira, 31 de Outubro de 2007

Porque se impõe falar de Corrupção (o filme)

Andava a deixar passar este assunto ao lado mas a verdade é que hoje me apetece dissertar sobre ele. Nas notícias, no cinema, em conferências de imprensa, a palavra «Corrupção» tem sido demasiado utilizada mas também verdade é que nunca antes se tinha assistido a tal fenómeno com um filme português.

Vamos a factos. Corrupção tinha, à partida, sucesso garantido e polémica assegurada. Um «senhor presidente» e uma trabalhadora de um bar de alterne que, ainda por cima, se inspiravam em figuras tão reais e recentemente discutidas em praça pública só podia fazer o dinheiro esperado.

Desde o primeiro momento que se sabia também o frenesim mediático que o filme ia criar. O que não se sabia era que o realizador se ia descartar dele.

Ora acontece que João Botelho (realizador) e sua mulher Leonor Pinhão (argumentista) se recusaram a assinar a ficha técnica da fita por não concordarem com a versão final do produtor.
17 minutos a menos, diz-se, e provavelmente algumas cenas alteradas. Tudo para o bem comercial do filme, diz a Utopia Filmes.

Esta noite, a antestreia acontece num aparato com direito a concerto e reservada a convidados. Visionamento para imprensa não houve, pensa-se que para manter o elemento surpresa. Amanhã chega às salas de todo o país.

Sobre tudo isto ocorre-me apenas dizer o seguinte:

- João Botelho teve a inteligência para negar um trabalho que não espelhava o que tinha idealizado, uma movimentação que vai, provavelmente, trazer-lhe benefícios a longo prazo.

- A produtora deverá conseguir ainda mais público depois do circo que se criou devido à negação de Botelho.

- Não havendo em contratos portugueses a famosa cláusula de director's cut (não há quem tenha luxos desses), o público vai assistir a um filme cuja autoria será atribuída ao Exmo. Sr. Utopia Filmes.

Agora, revejam as três últimas ideias e tirem daí uma conclusão. Parece-me que, no final, não há quem saia mal da história. Aqui fica o trailer.

publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 19:36
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Terça-feira, 30 de Outubro de 2007

...

Sidney Lumet realiza. Philip Seymour Hoffman está no elenco. Chama-se Before the devil knows you're dead e conta a história de como o conceito de família nem sempre significa «estamos-cá-para-o-que-der-e-vier», a não ser que não haja dinheiro envolvido, claro.

Os motivos são suficientes. O trailer fica aqui.

publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 20:51
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Tabelinha de Outubro

Ora cá vai a tabelinha referente a este mês, cortesia do amigo Knoxville e do seu Cinema Notebook.

publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 20:38
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Domingo, 28 de Outubro de 2007

Paris no cinema

Paris é o recorte para muitas experiências cinematográficas. Cidade imensa, com espaço para os mais diversos imaginários (do romance ao sinistro), o cenário parisiense foi, a par com o nova iorquino, um dos mais figurados no cinema.

Hoje, o The Guardian encarregou-se de fazer uma interessante dissertação sobre a escolha da dita metrópole como pano de fundo para um filme. No fim, deixou uma lista de dez filmes cuja acção, mais do que se passar em Paris, depende desse factor para se ir desenrolando.

Podem espreitar o artigo aqui. O título é "Film fans will always have Paris". Em homenagem, deixo-vos este excerto com a cena que muitos de vocês poderão estar, por esta altura, a recordar.

publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 15:24
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Sábado, 27 de Outubro de 2007

Da visita madrilena



Sobre a infelizmente curta viagem que tive de fazer a Madrid guardo algumas imagens. Recordo uma Amy Adams muito predisposta a atender a imprensa e que, de uma forma inocente, ainda guarda uma certa timidez. Lembro a de um Kevin Lima que é um verdadeiro apaixonado pelo universo Disney, como ele próprio diz, daqueles "on a geek level". Guardo ainda a imagem de uma das assessoras de imprensa a dizer com o tradicional sotaque castelhano "James Marsden es enfermo".

O que guardo ainda mais são as imagens da grande exposição que a nossa (ou nem por isso) Paula Rego tem no Rainha Sofia. Pelo meio dos dias algumas boas conversas.

Por fim, guardo a imagem do aviso "Vueling-Lisboa-Retrasado" que nos fez apreciar todos os cantos do aeroporto de Barajas durante oito horas. Sempre com o espírito de solidariedade tuga presente em situações de crise.

Estou de volta e, na devida altura, postarei aqui as ditas entrevistas.
publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 13:36
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Para fora do casulo

A opinião sobre uma das valentes estreias da semana chega com algum atraso justificado pela ausência desta vossa cara destas bandas.

Esta vossa cara regressou ontem (que é como quem diz hoje de madrugada) e traz-vos então algumas notas soltas sobre O Escafandro e a borboleta.

O corpo paralisado não o impediu de ver o mundo. O olho que deixou de ver não parou a sua imaginação. O ex-editor da revista Elle, Jean-Dominique Bauby, sofreu um acidente que o deixou fisicamente preso mas que não fez com que se resignasse. Sigam pelo olho de Bauby a sua história de libertação.


A imagem pouco nítida e intermitente tem a responsabilidade de abrir O escafandro e a borboleta. Se não sabemos ao que vamos, estranhamos mas, pouco depois, percebemos que estamos sentados para ver um filme que é também uma experiência sensorial.


Mais do que nos contar a história de Jean-Dominique Bauby, O escafandro e a borboleta guia-nos através dos olhos do protagonista (ou neste caso, através do olho e da mente). A viagem começa numa prisão interior mas evolui para um caminho de libertação, para uma aprendizagem de uma nova forma de vida.

E quem foi Jean Dominique Bauby? Vivia no glamoroso mundo da moda, rodeado por manequins, seda e caxemira mas, um dia, sofreu um inesperado acidente vascular cerebral que fez com que o tempo parasse para ele.


Foi em 1995, aos 43 anos bem vividos que Jean-Do acordou para um novo mundo. Despertou de um coma em estado tetraplégico e apenas com um dos olhos em funcionamento. Não andava, não se mexia, não falava. Apenas via e pensava ao mesmo ritmo.


É a tudo isso que assistimos sempre tentando reproduzir a forma como Jean-Do o terá experienciado. Da impossibilidade de dizer aos médicos «estou aqui! consigo ouvir-vos!» até à imobilidade total, o espectador parece, perante a forma como o realizador montou o filme, sentir parte do que lhe aconteceu.

Mas O escafandro e a borboleta é, mais do que a história de uma tragédia, um conto de libertação interior, sobre como é possível renascer para uma realidade alternativa e, ainda assim, cumprir aquilo a que nos propusémos.

Julian Schnabel, autor de Antes que anoiteça, faz questão de marcar o momento em que Bauby reconhece que tem de aceitar o seu estado mas que não precisa de se resignar, deixando de mostrar o exterior apenas pelo olho de Jean-Do e passando a oferecer outros pontos de vista ao espectador.


Ao vermos um Mathieu Almaric desfigurado e amarrado lembramo-nos muitas vezes de Javier Bardem em Mar adentro. Ao vermos Lembramo-nos da questão da eutanásia e percurso afunilado que os dois tiveram de atravessar. Mas aqui, o olhar é outro do que o do filme espanhol, mais íntimo e claustrofóbico mas igualmente poético e imaginativo. Antes de morrer, Jean-Dominique Bauby escreveu um livro apenas com um olho, imaginação e a ajuda de uma escritora que aprendeu a comunicar com ele. Quando terminou a tarefa a que se tinha proposto partiu.


A título póstumo este O escafandro e a borboleta adaptado ao cinema faz o que ele quereria. Mostra que um casulo pode ser sufocante mas que há sempre uma altura em que de lá sai uma borboleta.

publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 13:32
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Terça-feira, 23 de Outubro de 2007

De novo DiCaprio e Scorsese



Shutter Island
narra a história de um U.S. Marshall que, para tentar encontrar uma assassina, vai ter de se isolar numa ilha. Tendo em conta que a assassina é louca e escapou do manicómio, a tarefa não se deverá revelar a mais agradável. A história ainda só existe em papel mas notícias anunciam que vai passar a versão cinematográfica.

Importante é que à frente das operações está o oscarizado Martin Scorsese que, mais uma vez, retorna à aliança com Leonardo DiCaprio. Os dois já trabalharam juntos por três vezes e o ritmo parece acelerar cada vez mais.

Não esquecer também que o filme será uma adaptação do livro de Dennis Lehane, que poderão não conhecer pelo simples nome mas que reconhecerão decerto quando mencionar os títulos Mystic River e Gone Baby Gone, os dois com direito a adaptação ao grande écrã.

É uma promessa a ter na mira.
publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 19:42
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À conversa com...

Amanhã parto para uma curta viagem a Madrid. Na bagagem, para além de câmara, máquina fotográfica, tripé e portátil (ufa!), levo umas perguntas para fazer a três pessoas. A este senhor, a esta senhora e a este outro senhor. Infelizmente não estará presente este Senhor (reparem como adoptei o S maiúsculo).

O pretexto é o filme de Natal da Disney. Chama-se Enchanted e pretende ser um mix de dois géneros: o filme de animação, ao jeito do clássico Disney, e a comédia romântica.
Entre desenho animado e personagens de carne e osso a fita é um conto de fadas com príncipe, princesa, bruxa má e esquilos mas aposta no formato diferente que, em dados momentos, acaba por ter bastante piada. É direccionado para os mais novos, é certo, mas a Disney acredita que, embuídos pelo espírito cor-de-rosa do Natal, muitos crescidos acompanhem as crianças ao cinema. Na devida altura, contarei mais pormenores sobre Uma história de encantar.

Vou então falar com James Marsden, Amy Adams e Kevin Lima. Se quiserem muito ver algum deles a responder-vos a uma questão deixem a sugestão que eu não me esquecerei de levar em conta.

Deixo-vos o trailer.
publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 18:49
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Segunda-feira, 22 de Outubro de 2007

O pós-Seinfeld de Jerry Seinfeld



Já todos estão a par do novo projecto de Seinfeld. O filme de animação Bee Movie estreia já no próximo mês por terras americanas e tem já muito boa gente a "fazer fila" para comprar o desejado bilhete.

O que o NY Times decidiu descobrir foi este Seinfeld pós-Seinfeld série, a sua fonte de rendimento interminável. Muitos perguntam-se porquê ter ficado apagado depois do estrondoso sucesso que ainda hoje faz subir audiências em muitos bons canais.

Este jeitoso artigo
acompanha o percurso de Jerry Seinfeld desde o final da série até às vésperas de Bee Movie, passando pelos excepcionais talentos para o stand up e pelos próximos projectos que o próprio diz não existirem.

Vale a pena dispensar uns minutos.

Nota de rodapé: Alguém me sabe dizer se a fotojornalista cujo nome surge junto às fotos do artigo é portuguesa? É que Monica Almeida parece muito luso. Fiquei curiosa.
publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 22:29
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Sexta-feira, 19 de Outubro de 2007

Glória Pires, Jorge Furtado e Daniel Filho: o trio que veio do Brasil

Como já vos tinha anunciado por entre as linhas desta semana, estive na Mostra do cinema brasileiro (e conto ainda voltar a estar até Domingo) e falei com os três convidados brasileiros que andam por Lisboa.

Todos conversaram à boa maneira brasileira, sempre com um sorriso e sem saídas à portuguesa como "vai-se andando". Todos contaram a sua visão do cinema. Todos falaram sobre os cinemas do mundo.

Deixo-vos as reportagens que eu e o Gonçalo fizémos para o SAPO em jeito de maratona cinematográfica.


publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 22:16
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É do caraças mas não é azar!

Uma das estreias da semana é Um azar do caraças, uma surpreendente comédia de Judd Apatow que promete acabar com todas as previsões dos profetas da desgraça que afirmam já não haver boas comédias. Ora pois que há, meus senhores!

É mais ou menos isto.

Ela é uma aspirante a estrela da televisão. Ele é…vejamos, ele é um aspirante a mandrião. Quando a lei dos opostos é seguida à regra, o resultado final é Um azar do caraças. A nova comédia do pai de Virgem aos 40 e produtor de Superbaldas é muito pouco pateta, extremamente inteligente, deliciosamente hilariante e contém alguns dos diálogos para comédia mais inspirados dos últimos tempos.

Diz-se que Judd Apatow é, por estes tempos, o que de melhor Hollywood tem para oferecer no que diz respeito a comédias. Há quem não consiga ver para lá do óbvio e considere os seus projectos de mau gosto mas, uma parte considerável, entende que não estamos apenas perante histórias teen, dramas românticos e patetice sem inteligência. São os diálogos inteligentes, que encontram nas figuras mais carismáticas da cultura pop a sua inspiração, os responsáveis pelos sucessos dos filmes em que põe a mão. Isso e os gags, que não precisam de recorrer ao humor fácil para funcionar. E mesmo que recorram soam bem. São de bom gosto.

Em Um azar do caraças, há excelentes momentos de humor, ideias postas no papel que fazem maravilhas no ecrã e uma história bem contada sobre uma gravidez indesejada. Alison Scott (Katherine Heigl, que devem conhecer de Anatomia de Grey) é a grávida. Ben Stone (Seth Rogen) é o pai. Os dois conheceram-se numa noite mais quente em que Alison festejava uma promoção na sua carreira de apresentadora de televisão. Mais copo, menos copo, conversa para aqui e conversa para ali, acabaram o serão juntos e umas semanas depois Alison fez a descoberta sobre a consequência mais tramada daquelas horas menos responsáveis.

Daqui para a frente desenrola-se um conto bem estruturado, guiado pelas semanas de gravidez e pelas diferenças entre os dois protagonistas. Ela, mais bonita do que ele, inteligente, bem sucedida e ele feio – é o próprio a admitir «tu és mais bonita do que eu»-, preguiçoso e adepto do haxixe como calmante natural. A não ajudar à festa, a irmã e o cunhado de Alison têm um casamento com algumas complicações, situação pouco encorajadora para um casal que agora tenta começar uma vida comum.

Um azar do caraças não se atreve a entrar por belas lições de moral (entenda-se o tom irónico em belas) como «abortar ou não abortar». Prefere antes mostrar como é difícil manter uma relação de opostos e como pode ser complicado passar por uma gravidez, com tudo o que essa viagem tem de bom e mau.

Para além disso, há constantes referências aos marcos da cultura pop que, decerto, todos irão reconhecer. Por exemplo, Spider-Man 3 é apresentado como um filme para ser visto com os compinchas e sem mulher para chatear. Também para não deixar passar em branco são os cameos de figuras notáveis como, por exemplo, Steve Carell que, durante uma caminhada pelo tapete vermelho rejeitam consecutivamente ser entrevistadas pela muito grávida Alison.

No final, Um azar do caraças não é azar nem golpe de sorte. É talvez uma das melhores e mais airosas comédias deste ano. Para quem pensa que já não há forma de inovar neste formato, espreite no cinema mais próximo o que um bom texto, bons actores e umas boas ideias para imagens podem fazer por uma história que, à partida, podia ser só mais um acumular de piadas que se perdem no final da sessão.

Um azar do caraças fica para além das suas duas horas na tela. Tem o efeito inesperado de pôr o espectador a pensar em bebés e relações durante uns bons tempos. De uma forma risonha, claro.

publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 22:14
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Quarta-feira, 17 de Outubro de 2007

Na sombra do Doc Lisboa mas para não esquecer

Não é, naturalmente, a melhor estratégia organizar para a mesma semana dois festivais de cinema. Quem se decidiu primeiro? Foi propositado? Foi apenas azar? As perguntas ficam no ar mas o que é certo é que esta semana Lisboa tem dois acontecimentos cinematográficos de peso.

Do primeiro já falei aqui em baixo mas hoje escrevo para não deixar passar em branco o outro.
A mostra do cinema brasileiro começa amanhã para convidados e na sexta-feira para o público em geral e vai viver paredes meias com os documentários do Doc, no São Jorge.

Em Portugal vão estar dois realizadores, Daniel Filho e Jorge Furtado, e uma actriz, Glória Pires, para fazer a marca da mostra. No cartaz vão estar homenagens a estes três nomes mas também filmes de outras figuras como Jorge Duran, Karim Ainouz e Breno Silveira.

Na sexta-feira voltarei para vos contar as conversas com actriz e realizadores e para vos falar da noite de inauguração.

Até Domingo podem aproveitar para ver um filme em língua portuguesa. Deixo-vos o trailer do filme de abertura, Saneamento básico.
publicado por Quanto Mais Quente Melhor às 20:09
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