"Como já vos tinha comunicado, o Elite Criativa estava a instalar-se nos blogs do SAPO. A mudança não está completa mas, no que diz respeito às funções primordiais, o blog já pode funcionar lá tão bem quanto aqui.
Durante as vossas visitas vão notar alterações ao visual, nomeadamente, ao nível das cores e do header (que é uma imagem definitivamente provisória).
As tabs com o Acabo de Ver e as sugestões irão fazer parte do novo estaminé mas, nesta altura, ainda se ultimam preparativos para que elas surjam à vista de todos.
Brevemente, e como também já vos tinha dito, vamos ter novidades ao nível dos conteúdos com um programa semanal de cinema, em vídeo, que será publicado no SAPO e depois, como é claro, deixado à vossa disposição no Elite.
Por tudo isto, peço-vos que deixem a casinha wordpressiana e viajem até ao novo endereço. Obrigada a todos os que me seguiram durante esta aventura na blogosfera. Ela avança agora para uma nova fase e espera continuar a contar com a presença dos mesmos seguidores (o vosso feedback é sempre valioso)."
Aqui fica a tabelinha relativa às estreias do mês de Setembro. Votei em branco no realizador do mês porque não me quis aventurar sentindo que não conheço a fundo a obra de Luc Besson. Como não fiquei convencida com os três filmes que vi achei por bem não me pronunciar.
Aproveito para colocar aqui as restantes estrelas que tinha enviado ao Knoxville mas que acabaram por não constar da tabela já que os filmes não entraram na lista dos mais vistos pelos restantes colegas de tabela.
Declaro-vos Marido… e Marido **
Os Fantasmas de Goya **
Um Coração Poderoso ***
Já passou pelos meus gulosos olhos o primeiro episódio da segunda temporada de Heroes.
Gostei. Gostei da progressão nas personagens que estão agora bastante diferentes desde o último momento em que as vimos. Gostei da situação quase independente em que se encontram (um aqui, outro acolá). Gostei de ver que parece estar desenhada uma estratégia para o seguimento deste novo capítulo. Uma estratégia que vai oferecer ainda mais cliffhangers para nos deixar a roer as unhas mas que promete trazer algo mais sumarento do que “mais do mesmo”.
Estarei atenta e aconselho-vos a fazer o mesmo.
Da próxima vez que vos passar pela cabeça a ideia de comprar uma casita em Buenos Aires, pensem duas vezes. Que o diga o realizador Francis Ford Coppola.
Um grupo de malandros entrou na luxuosa mansão argentina do cineaste e, entre outros objectos jeitosos, roubou o computador do senhor.
Acontece que lá guardado estava o argumento para o seu próximo filme, Tetro. Coppola já ofereceu uma recompensa a quem devolver a sua preciosa máquina e o seu valioso trabalho.
Tetro retrata os conflitos entre gerações numa família de artistas italianos imigrantes na Argentina. Será Matt Damon a desempenhar o papel de protagonista.
Stardust é mais do que parece. Os que ficam cépticos perante a ideia de ver um conto de fadas em Robert De Niro é um pirata gay devem dar um salto ao reino de Stormhold. É mais ou menos isto…
Dois veteranos, mais algumas caras conhecidas e um conto de fadas que pretende reavivar a ingenuidade dos mais velhos. São estes os ingredientes para a poção mágica de Stardust. Está longe de ser o remédio perfeito mas acumula uns bons momentos de fantasia com direito a gargalhada. Os responsáveis pelo sucesso parcial: Robert De Niro e Michelle Pfeiffer.
Um muito rústico muro separa dois mundos opostos. De um lado, a típica aldeia medieval com a frágil e mimada donzela, o galã emproado e o desajeitado que quer conquistar a mais popular jovem senhora das redondezas. Tristan (Charlie Cox) promete a Victoria (Sienna Miller) que lhe trará uma estrela caída do céu no prazo de uma semana e em troca, ela assegura que irá casar com ele.
Tal como o seu pai um dia fez, o dito jovem pouco másculo atravessa a fronteira proibida e entra num reino de fantasia, cheio de monarcas fantasmas, bruxas envelhecidas e piratas pouco comuns. Tudo para trazer de volta à sua suposta amada o presente que ela exigiu. Como todos esperariam, a acção acaba por sofrer voltas e reviravoltas, encontros e desencontros que vão elevar a busca de Tristan a uma nova dimensão e a uma impressionante descoberta.
Quanto à estrela que justifica o nome do filme, chega sob a forma de uma muito loura Claire Danes com um sotaque britânico fruto de um enorme esforço. Mas Yvaine tem um problema: a personagem não consegue convencer o espectador sobre qual é a sua personalidade. Tanto viaja por algumas passagens ironicamente airosas como cai no ultra-romantismo.
Stardust é um conto de fadas baseado no livro de Neil Gaman, que dizem ser um Tolkien mais contemporâneo e bem ao jeito de As crónicas de Nárnia, apostando, contudo num caminho mais «adulto».
A ideia é misturar imaginários, entre reinos terrestres e aéreos e entre bons e maus da fita. A mistura nem sempre é a melhor, fazendo com que a história não pareça a mais consistente mas, a salvar a premissa, estão alguns grandes actores fora do seu registo normal. A bruxa mais maléfica de todas as bruxas maléficas, Lamia (Michelle Pfeiffer), entra num notável papel cómico e consegue oferecer uma personagem suficientemente sólida para guiar o filme. A maturidade da actriz parece ter-lhe dado uma maior liberdade para aceitar os papéis que lhe dão gozo fazer.
Mas o melhor de Stardust vem dos céus. De um barco que rasga os céus com um bando de patifes do mais macho que há no reino da pirataria comandados por um capitão que esconde um segredo temível para a sua dura reputação: é gay. De referir é também a pequena participação de Ricky Gervais (criador da série The Office) como um contrabandista de renome e com um registo cómico notável.
Pela cabeça dos mais atentos, decerto já terá passado a ideia de que poderão surgir semelhanças com o pirata mais popular de sempre: Jack Sparrow. No entanto, Robert De Niro, dá ao pirata Shakespeare, a genialidade do seu talento e torna-o no ponto alto de Stardust.
Tudo o resto, gira à volta destas estrelas maiores. Alguma patetice, muito sentimentalismo mas, afinal, é um conto de fadas e não é seu objectivo ser realista, é antes ser mágico.
Apesar de já ter percebido que são muitas as opiniões contrárias à minha, aconselho, obviamente de acordo com os padrões do que me parece um bom filme, que evitem Sem reserva. Aqui ficam as notas soltas que andaram esta semana pelo estaminé do costume.
Se Ratatui foi um fantástico conto sobre culinária e sobre os sonhos de um chef, Sem reserva é uma desinspirada - o termo correcto é aborrecida- comédia romântica sobre uma chef com a mania dos detalhes e um cozinheiro pouco preocupado com a organização no espaço de trabalho. O velho conto do regrado que encontra o sem regras volta ao grande ecrã para dois efeitos: entediar e abrir o apetite.
Em 2001, o filme alemão Bella Martha contava a história de uma cozinheira demasiado organizada e desligada do resto do mundo que se vê obrigada a tomar conta da sua pequena sobrinha depois da morte da irmã.
Seis anos depois, Scott Hicks decidiu levar a ideia para Hollywood, contá-la à maneira americana e incluir as devidas estrelas para assegurar a receita de sucesso.
Catherine Zeta-Jones seria a dita chef. Aaron Eckhart a tentar o registo da comédia romântica seria o cozinheiro atrevido e Abigail Breslin, a menina de Uma família à beira de um ataque de nervos, asseguraria a figura infantil da fita.
Passou a chamar-se No Reservations (Sem reserva) e, em inglês, contou o que se segue. Kate (Zeta-Jones) é quem manda na cozinha do requintado e bem cotado restaurante 22 Bleecker Street. Nada pode falhar nos pratos, no serviço e no toque final assim como nada pode errar na vida aparentemente infalível de Kate. À noite, ao passar a porta do estabelecimento onde trabalha, leva para casa os mesmos métodos, manias e maneirismos.
Um dia, a sua organizada vida sofre uma drástica alteração inesperada. A sua irmã tem um acidente, deixando a Kate a tutela da pequena Zoe (Breslin). As rotinas ficam viradas do avesso, os horários ficam descontrolados e a racionalidade que Kate usava insistentemente tem de desaparecer. Como se não bastasse, chega à sua cozinha um novo chef de métodos pouco ortodoxos (Eckhart) que, pasmem-se, vai mudar a sua vida para sempre.
Sem reserva é exactamente aquilo que aparenta ser, mas de uma forma ainda mais linear. O típico argumento romântico que balança entre o sentimentalismo e a cena humorística, sempre sem se atrever e nunca saindo dos padrões daquilo que é socialmente aceitável. Não se arrisca nos diálogos, nem inova nas imagens que se resumem a um vaivém entre a cozinha e o apartamento, os pratos e a comida.
Acima de tudo, Sem reserva é entediante e não permite ao espectador viver um único momento de surpresa. Desde o primeiro plano, em que se adivinha ao longe quais vão ser as relações e qual vai ser o rumo da narrativa. Ainda mais incómodo é perceber-se percebe-se à distância qual vai ser a frase do livro de «falas-que-se-devem-usar-naqueles-segundos-bonitos-que-antecedem-o-beijo-dos-protagonistas» aplicada na cena em questão.
Se Ratatui não tivesse a magia, a originalidade e a aura de clássico que a Pixar lhe impôs, o resultado poderia ter sido algo parecido com este Sem reserva.