Fui, entusiasmada com o
trailer, ansiosa pelo resultado e sem qualquer síndrome elitista ver
Spider-Man 3. Já há um tempo que me encontrava entusiasmada com a possibilidade de poder ver o lado mais negro do personagem e a luta interior metaforicamente organizada em torno de bem e mal.
Infelizmente, nem o lado negro, nem a dicotomia bem/mal são explorados da forma mais inteligente (e que se impunha) neste terceiro filme da saga do aracnídeo.
A transformação de Peter Parker fascinado pelo poder negro que aquele simbiótico alienígena lhe trouxe, a luta pela libertação do mesmo e o posterior aparecimento de um dos adversários mais temíveis da aranha (Venom), que conhece todas as suas fragilidades, recebeu a atenção apressada que um mau programa de televisão recebe durante um
zapping.
Tudo o resto, à excepção de alguns momentos em que o tom parece estar a acertar, é um acumular de cenas de acção com efeitos estonteantes (aqui, sim, é preciso dar crédito) e lugares comuns que revestem, a cada momento, a história de amor/triângulo amoroso/salvação da dama em apuros.
As alturas em que Parker se torna agressivo (não presunçoso), ou confuso (sem que seja devido à sua querida ruiva) são as mais interessantes e deviam ter sido as responsáveis pelo fio condutor do filme. Se este
Homem-Aranha tivesse ido nesse sentido, os efeitos, as cenas de acção e os personagens deveriam ter funcionado de uma forma que ultrapassaria os anteriores dois.
O que é facto é que
Spider-Man 3 é apenas um crescente de cenas atribuladas, alternadas com dúvidas existenciais aborrecidas, com diálogos a rebentarem de frases feitas e com algumas cenas intrometidas que tentam trazer novidades mas que apenas pioram o estado de sítio (como o canto de Mary Jane e a bazófia de Peter Parker).
No final, apenas um bom vilão (o Sandman de Thomas Haden Church, quando mostra a cara), bons cenários, bons efeitos especiais e um ou outro momentos que seguiram a linha do que devia ter sido toda a fita.
Sentimos que com tantos vilões, tantas brigas e tantos conflitos, não entendemos quem é o herói nem quem é o verdadeiro inimigo, terminando tudo apenas numa mancha muito escura.
Na Segunda-feira, a conversa completa no
Acabo de Ver dedicado à aranha de Sam Raimi.